Em celebração ao Dia dos Pais, nosso curador especial de hoje é ninguém menos que meu próprio pai. Tive o prazer de fazer essa entrevista com ele, um homem cuja vida é rica em experiências, viagens e, sobretudo, leituras. Suas vivências resultaram em valiosas lições que ele generosamente compartilha.

Espero que vocês apreciem tanto quanto eu. Pai, feliz Dia dos Pais! Me sinto profundamente grata e privilegiada por tê-lo como pai e por continuar aprendendo tanto ao seu lado. Minha admiração por você é imensa!

Boris Muroch, mineiro, 66 anos, pai de 2 filhos e avó de 2 netos, trabalhou 35 anos no mercado financeiro. Empreendeu durante os últimos 20 anos de sua vida profissional e atualmente está morando em Portugal, com bastante tempo para fazer o que mais gosta: ler

Uma indulgência da qual eu jamais abriria mão

A combinação de um ótimo livro, numa praia paradisíaca, saboreando um bom charuto.

Um conselho que vale a pena compartilhar

O melhor conselho que ja recebi “é de tempo ao tempo”. Todo problema que você vê com algum distanciamento, em geral acabam não sendo tão relevante como pareciam no primeiro momento. Tempo é um santo remedio.

Uma pergunta que vale a pena fazer

O melhor souvenir que trouxe para casa:

Não tenho um melhor souvenir, mas em todas as minhas viagens, meu souvenir (o preferido) é sempre o mesmo: um copinho de shot da cidade que estou visitando. Ao longo dos anos, minha coleção cresceu para dezenas de copinhos. É sempre a primeira coisa que procuro comprar quando chego a um novo destino. Embora possa não ser o mais elaborado, para mim, é o mais especial e significativo.

Um hábito que vale a pena cultivar

Dedicar tempo a si mesmo é uma prática extremamente valiosa. Reservar momentos de solidão pode ser incrivelmente enriquecedor e contribui significativamente para o autoconhecimento.

Um filme que vale a pena assistir

Manhattan de Woody Allen. Um filme para se ver e rever, um produto da época áurea de Allen, apresentando uma fotografia em preto e branco irretocável. A trilha sonora, composta por músicas de George Gershwin, se integra perfeitamente à narrativa e à atmosfera de Nova York. Mariel Hemingway entrega uma performance mágica. A cena em que Woody Allen fica listando as coisas para as quais vale a pena viver é inesquecível. Apesar de ser um filme com 45 anos de idade (1979) acho que nunca envelheceu

Uma mudança que gostaria de ver no mundo

O bom senso parece estar se tornando uma qualidade cada vez mais escassa em nossa sociedade. É curioso notar que, apesar de sua aparente escassez, praticamente todos acreditam possuí-lo em abundância. Nunca encontrei alguém que admita que não tem bom senso em boa quantidade.

Uma marca que vale a pena conhecer

Velasca, uma marca de roupas e sapatos italianos. Adoro os sapatos deles. Não sou muito de compras, mas nunca saio dessa loja sem um parzinho.

Um livro que vale a pena ler

The Bee Sting, de Paul Murray, eleito um dos 10 melhores livros do ano segundo Washington Post, um dos livros nomeados como Essencial Reads do New York Times, Best Book of the Year pelo The Guardian, The Economist e BBC. Com tantas credenciais o livro não podia ser ruim, então resolvi comprar e não me decepcionei. É uma leitura envolvente, bem escrita e divertida, daquelas que você não consegue largar. Para quem gosta de uma boa história. Sabe aquele livro que quando acaba vc fica triste? Pois é. Não posso deixar de mencionar também "O Mágico" de Colm Tóibín, um romance fascinante sobre a vida de Thomas Mann, um dos meus autores favoritos. Ambos os livros são altamente recomendáveis para quem aprecia uma narrativa de qualidade e uma boa história.

Uma lição valiosa que você aprendeu em uma de suas viagens

Em termos de viagens, a Índia, sem dúvida, foi o país que mais me surpreendeu. Aprendi que, apesar dos contrastes enormes entre ricos e pobres, no meio de tanta diversidade de línguas e religiões, ainda assim é possível uma convivência bem pacífica. É possível a coexistência e a tolerância. Quando se aceitam as diferenças, isto é possível.

Um conselho que eu daria a pais novos

Coloque a convivência com eles em primeiro lugar e acima de tudo. Daqui há 20 anos você não se lembrará das reuniões que fez, mas lembrará dos momentos com seus filhos.

A última viagem que fiz

Ibiza e Formentera, que me surpreendeu com suas águas absolutamente azuis e transparentes. Pouca gente, visual rústico, ótimo lugar para recompor as energias.

A maior lição que aprendi como pai

Como pai, aprendi que, mesmo que se criem filhos de maneira idêntica, com os mesmos valores, ainda assim é possível ter filhos completamente diferentes uns dos outros. Aprendi que as características individuais de cada um são sempre mais importantes do que o aprendizado. Aprendi a entender e respeitar a individualidade de cada filho. Aprendi que não adianta idealizar e que os filhos não são propriedade dos pais.

Uma banda/música que vale o repeat

Celso Fonseca. Adoro. Talento puro. Cantor, compositor e violonista carioca, conhecido por sua bossa nova contemporânea e MPB refinada!

Uma coisa que eu aprendi com meus filhos

O amor incondicional. Não importa o quão diferentes os filhos possam ser, o quão distantes estejam de nossas idealizações, ainda assim o amor e o compromisso são inabaláveis. Nos dias atuais, aprendo muita coisa com eles, o que é sempre um motivo de grande alegria.

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