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#121 - Convida: Zeca Bral
#Edição 121
Zeca Bral é designer e produtor cultural, oriundo da periferia de São Paulo e atualmente residente no centro da babilônica metrópole. Estudou Design Gráfico na Panamericana de Artes e Produção Cultural na FAAP. Trabalhou em grandes agências, como BFerraz e Bullet, e atualmente, na Pipoca – plataforma de projetos culturais –, é um operário do carnaval, gerenciando a comunicação dos blocos de Alceu Valença, Monobloco, BaianaSystem, Maria Rita, entre outros. Além disso, atua no festival de gastronomia criativa Smorgasburg, original de Nova York e já em sua 4ª edição em São Paulo. Em parceria com a Plano9 (Recife), também desenvolveu identidades visuais para o cinema independente, sendo a mais recente a série documental "Drag Ataque", que estreará em breve na FashionTV.
Descobri recentemente…
Que a Fernanda Torres foi a primeira brazuca a levar a Palma de Ouro, lá em 1986, por "Eu Sei que Vou Te Amar" (Arnaldo Jabor), com, pasmem, 20 aninhos! Como está rolando a campanha pro novo filme "Eu Ainda Estou Aqui" (Walter Salles) lá em Veneza, já tô sonhando com ela ganhando o Oscar e nos vingando do roubo da Academia, em 1999, que deu à Gwyneth Paltrow (Shakespeare Apaixonado) a estatueta e não à Fernandona, sua mamys, pelo excepcional (o melhor filme brasileiro na minha humilde opinião): Central do Brasil.
Quando preciso de inspiração criativa, eu…
Boto uma música e vou caminhar pela cidade, visito algum parque, exposição. No virtual, eu vou procurar dar um check nas minhas pastas de referências no Pinterest, Instagram, acessar perfis de arte e design (Designboom, Fubiz, Juxtapoz, Behance). Tudo isso, se associado ao uso de boas flores, é ainda melhor, se é que me entendem ;)
No meu toolkit de design, você sempre encontrará…
A caixa de tipografia e a paleta escolhida para o projeto vão estar sempre acompanhadas de fones de ouvido com música instrumental ou eletrônica para garantir a concentração.
Uma exposição que vale a pena visitar:
Acabei de visitar no SESC Pinheiros a expo "Um Defeito de Cor", baseada no livro de Ana Maria Gonçalves, que já esteve em Salvador e também no Rio. Lá se podem encontrar muitos artistas pretos expoentes da arte contemporânea brasileira. Já no Itaú Cultural, você tem Naná Vasconcelos no projeto Ocupação no térreo, 3 andares de Guto Lacaz e um pouco de tudo de sua versatilidade ao longo de 50 anos de carreira como arquiteto, artista plástico e designer. Ainda temos uma pequena mostra do Artacho Jurado (arquiteto) no último piso. Vale demais a visita.
Foto do documento de músico do Naná Vasconcelos (Ocupação Itaú Cultural)
Elefantinho da expo do Guto Lacaz (Itaú Cultural)
Um artista visual que vale a pena conhecer
Zimar é um artista do Maranhão que usa capacetes de moto, parachoques e materiais do tipo para fazer máscaras inspiradas na tradição do Bumba Meu Boi. São fascinantes as figuras que ele cria a partir de todo o seu conhecimento ancestral, que vai além do que se poderia chamar de autodidata.
Um projeto cultural que vale a pena apoiar
Vale apoiar os projetos culturais locais, fortalecer os grupos e entidades que agem na sua região. Quanto mais pluralidade na expressão artística, proporcionando diversas experiências ao público, mais expandimos nossa consciência e visão de mundo, evoluindo como espécie. O Brasil é continental e há muita produção artística de todo tipo; é preciso vontade política e engajamento das marcas para fomentar o fazer artístico que é inato ao nosso povo.
Uma inovação que você gostaria de ver no mundo
A maior inovação seria a de comportamento das lideranças mundiais no que tange ao uso de orçamento para guerras e ao desenvolvimento de tecnologias bélicas. Se esta verba estivesse empenhada em incentivar os cientistas a descobrirem a cura de doenças, despoluir oceanos e rios, eliminar combustíveis fósseis e o uso insano de plástico, por exemplo, eu ficaria satisfeito. Mas pelo que vemos, o capitalismo é autodestrutivo e leva a humanidade e o planeta ao colapso.
Um livro que vale a pena ler
"Ensaio Sobre a Cegueira", de Saramago. São aterradoras as similaridades com a realidade, sobretudo com o período que vivemos durante a pandemia aqui no Brasil. Ah, e tem o filme de Meirelles, baseado no livro, que conta com Julianne Moore no elenco. Agora mesmo o céu de São Paulo, da minha janela, está "branco como o leite", no maior período de secas e queimadas de nossa história.
Uma frase que vale a pena guardar
"Passarinho que come pedra sabe o c* que tem" - este ditado popular que mamãe sempre repete deve ser internalizado para a gente evitar ser um idiota útil nesta guerra de narrativas e de economia da atenção a que estamos submetidos. Sejamos bastante criteriosos para fazer as escolhas que de fato poderão nos beneficiar coletivamente. A gente vê muita gente sem senso crítico consumindo conteúdo pernicioso e acabando como vítima de gente mal-intencionada. "Olhos atentos", para parafrasear o Senhorita Bira.
Um mantra criativo que me guia
"O feito é melhor que o perfeito" é sempre bem-vindo, porque evita a gente se levar muito a sério e travar no processo criativo, as coisas evoluem no caminho. O próximo projeto sempre vai ser melhor. Então, desapega e só vai.
Uma conta no Instagram que vale a pena seguir
Eu AMO o conteúdo e a forma do PICTOLINE. Os caras criam infográficos e animações incríveis para diversos temas da ciência e cultura pop.
Um hábito que vale a pena cultivar
Ficar mais offline é primordial. A gente precisa de mais conexão e experiências táteis, imersivas, viver tempos de qualidade, criar memórias coletivas. Cuidar do corpo e da mente também é muito importante, mas sabemos que as singularidades da vida não permitem terapia, academia e alimentos saudáveis igualmente para todos. Então, diria que fazer escolhas conscientes para si é amor próprio.
Um podcast que vale a pena ouvir
O podcast da Trip FM tem sempre convidados interessantes e uma conversa profunda. O episódio com Andreas Kisser (Sepultura), "Precisamos falar da morte", sobre sua experiência de despedida de sua esposa e o preparo para a morte, é emocionante e necessário. Recentemente ouvi o episódio "Que dia cai o fim do mundo" com Carlos Nobre, cientista brasileiro com destaque no tema "Aquecimento Global". Imperdível, afinal, sempre um filme de catástrofe começa com um cientista sendo ignorado, não é mesmo? 😂
Uma paleta de cores que nunca falha
Eu amo cores, mas para nunca falhar, precisa-se de uma paleta básica. Então, acho que o preto e branco é uma boa base para composições de looks, decoração e projetos de design. Para aplicar cor, você precisa considerar subjetividades de cada situação, mas acredito que o velho e bom preto e branco é um clássico e seguro ponto de partida.
Um ícone do design que admiro muito
Alexandre Wollner é um importante designer brasileiro que contribuiu para nos modernizar. O profissional ajudou a consolidar grandes marcas como Itaú, Philco, Hering, com um portfólio vasto e moderno que vai até o logo da USP, que segue intacto até hoje, por exemplo!
Livro: Alexandre Wollner e a formação do design moderno do Brasil (Cosac Naify)
Um erro de design que se tornou um acerto inesperado
Eu vou citar um exemplo mais especificamente arquitetônico aqui em SP, que é o famigerado Minhocão, um viaduto que corta uma importante região do Centro, criado na época da ditadura. A ideia de transformar aquela cicatriz imensa de concreto em um parque para a população já me pareceu esdrúxula, mas atualmente, sendo praticamente vizinho do trambolho, eu vejo muito potencial para transformá-lo em um equipamento sustentável e esportivo para todos.
Um filme que vale a pena ver
Preciso rever "C.R.A.Z.Y. - Loucos de Amor", um filme de 2005 que me emocionou muito ao tratar da relação de um filho e seu pai durante a adolescência e a saída do armário. Tem David Bowie e Patsy Cline na trilha, e o diretor é o mesmo de "Clube de Compras Dallas" e da série "Big Little Lies": Jean-Marc Vallée.
Uma playlist que vale a pena ouvir
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