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#128 - Convida: Carollina Lauriano


#Edição 128

Carollina Lauriano é jornalista por formação, com especialização em Pesquisa em arte, design e moda pela prestigiada Central Saint Martins (UAL). Desde 2017, atua como curadora independente, explorando formas poéticas de existir no mundo contemporâneo. Suas pesquisas interseccionam questões de gênero, etnia e identidade com uma perspectiva decolonial e ecológica. Carolina dedica-se a impulsionar ações que promovam um futuro sustentável, re-imaginando relações sociais e desafiando estruturas de poder estabelecidas. Seu trabalho visa contribuir para a construção de uma sociedade mais equitativa e ambientalmente consciente.

Um artista que vale a pena conhecer

Sempre menciono Rosana Paulino. Para mim, ela é a grande dama da arte brasileira e, embora tardiamente, tem sido celebrada no campo das artes. Suas obras estão profundamente entrelaçadas a questões coletivas da história do Brasil, especialmente no que se refere à experiência das mulheres negras e da diáspora africana. Recentemente, a artista foi nomeada vencedora do Prêmio Munch, que celebra a liberdade artística e reconhece carreiras que se destacam pela coragem e integridade.

Um acessório de moda que comprei recentemente

Uma tote bag marrom de camurça, clássica, no estilo da Margaux da The Row, que me acompanha da academia até uma reunião.

A peça de arte mais significativa que possuo

Nossa, pergunta difícil, porque todas elas têm um significado especial. Mas, se eu tiver que nomear uma, seria uma fotografia do Nino Cais, a primeira obra de arte que comprei. Nino é um artista que admiro e um amigo querido, então essa obra carrega um forte laço afetivo.

Um filme que vale a pena assistir

"The Substance", o filme do momento que traz uma discussão extremamente importante sobre ser mulher e envelhecer em um mundo que cobra cada dia mais juventude das pessoas.

Um livro que vale a pena ler

"Negros na Piscina", organizado pela curadora Diane Lima, que integrou o time curatorial da 35ª Bienal de São Paulo, reúne uma série de textos escritos por artistas, curadores e agentes da arte. O livro busca refletir sobre as questões raciais, suas complexidades e potências no campo da arte contemporânea.

Para os que desejam embarcar em jornadas fascinantes através do tempo, apresentamos uma seleção cuidadosa de obras que exploram esse tema intrigante. Cada livro oferece uma perspectiva única sobre as complexidades e possibilidades das viagens temporais, mesclando elementos de ficção científica, drama e reflexões profundas sobre a condição humana. Prepare-se para ser transportado para diferentes épocas e cenários, enquanto acompanha personagens cativantes em suas aventuras pelos meandros do tempo.

Antes que o café esfrie: no subsolo de uma ruazinha de Tóquio, conheça um estabelecimento famoso por seu delicioso café e pela singela possibilidade de viajar no tempo. Mas com algumas regras – por exemplo, só é possível encontrar pessoas que já estiveram no café, e é necessário voltar enquanto a bebida ainda estiver quente. Um sucesso internacional que costura histórias comoventes sobre temas universalmente humanos. 

A vida invisível de Addie LaRue: na França do século XVIII, uma jovem faz um pacto que dá a ela a vida eterna – sob pena de ser esquecida por todos aqueles que a conhecem. Então, ela embarca em uma aventura vibrante atravessando diferentes épocas, países e momentos históricos, mas reencontra a necessidade implacável de deixar sua marca no mundo. 

Kindred laços de sangue: nesta narrativa arrebatadora que combina ficção científica e história, uma jovem negra é inexplicavelmente transportada do presente, em 1976, ao período escravista pré-Guerra Civil em 1815. Mergulhe em uma história imersiva, profunda e assustadoramente atual sobre a brutalidade da escravidão e os dilemas raciais que persistem ao longo do tempo.

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Uma causa que está em meu coração

Bom, sou Diretora Artística de uma organização sem fins lucrativos chamada ASP Arte, que oferece um programa continuado em arte para jovens e adolescentes em situação de vulnerabilidade. O projeto foi criado inicialmente para acolher jovens egressos da Fundação Casa e, hoje, atua em outras frentes, como em comunidades e ocupações de moradia. Através da arte, esses jovens trabalham sua autoestima, aprendem sobre direitos e deveres, e elaboram seus traumas, vendo a arte como um caminho para expressar suas subjetividades. Aproveito para convidar todos a conhecerem esse projeto, que realiza um trabalho essencial na vida de 60 jovens que vivem à beira da invisibilidade.

Uma mudança que gostaria de ver no mundo da arte

…que ela de fato representasse o Brasil em sua amplitude, mas infelizmente ela ainda é mais branca do que racializada.

Uma frase que vale a pena guardar

A arte está aqui para provar, e ajudar a suportar, o fato de que toda segurança é uma ilusão" - James Baldwin.

Quando quero me inspirar artisticamente eu…

Parece meio clichê, mas eu vou viver a vida. Embora museus e galerias estejam aí para apresentar uma infinidade de exposições, pra mim, é na vida que a arte acontece. É observando as manifestações culturais que eu apuro meu olhar e ouvidos para entender necessidades que precisam ser abordadas.

Um museu que significa muito para mim

O Masp, por ser o primeiro museu que me lembro de ter visitado, teve um impacto especial em mim. Acho que foi ali que eu compreendi a verdadeira dimensão da arte. Lembro que, quando criança, havia em casa uma reprodução do quadro Rosa e Azul, de Renoir. Então, quando vi esse quadro no museu, percebi que ele existia para além da minha casa, e isso me tocou profundamente.

Uma marca que vale a pena conhecer

Aluf e Neriage, duas marcas que se aproximam das artes de maneira a estabelecer um diálogo genuíno, onde a arte não é apenas um statement, mas algo que impede a moda de se tornar meramente sazonal.

© Aluf

Uma conta no Instagram sobre arte que vale a pena seguir

Vou indicar duas mulheres que têm feito um trabalho incrível para democratizar acesso à arte: Vivi Villanova (@vivivillanova) e Iasmine Souza (@minutodearte).

© Iasmine Souza

Uma pergunta que vale a pena fazer

A história que conhecemos foi contada a partir de que ponto de vista?

Um hábito que vale a pena cultivar

 Exercício físico. O seu eu do futuro vai te agradecer muito se você cuidar do seu corpo agora.

A galeria de arte que mais te surpreendeu

Acho que foi a breve passagem da White Cube pelo Brasil. Em 2012, a galeria abriu uma operação em São Paulo com uma exposição individual da artista Tracey Emin, uma das minhas favoritas. Na época, eu ainda não tinha feito nenhuma viagem internacional e só acessava esse tipo de conteúdo pela internet ou pelas galerias internacionais que vinham para a SP-Arte. Então, essa experiência me marcou profundamente. Lembro que, no ano seguinte, fui a Londres, e o primeiro espaço de arte que visitei foi a White Cube, onde estava acontecendo uma exposição de Damien Hirst, o artista mais celebrado naquele momento no mundo das artes.

A tendência de moda mais interessante da última década

Seguir aquilo que faz sentido para sua vida, não há nada mais chique que o autoconhecimento.

Um podcast que vale a pena ouvir

"Death of an Artist", um podcast da curadora Helen Molesworth, realiza uma investigação minuciosa sobre a morte da artista cubana Ana Mendieta, que foi considerada um suicídio por muitos, mas há fortes indícios de que se tratou de um feminicídio cometido por seu então companheiro, o artista norte-americano Carl André. Este caso continua a dividir opiniões, especialmente por se tratar de um dos artistas mais celebrados, reconhecido como o pai do minimalismo americano.

O designer mais inovador atualmente

JW Anderson. Ele consegue transformar as coisas mais esquisitas em objeto de desejo fashionista e eu acho isso incrível, especialmente no mercado de luxo, que tende a valorizar o tradicional e o clássico. No Brasil, Airon Martin, da Misci, traz uma discussão interessante sobre a moda nacional. 

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