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#134 - Convida: Amadeu Marins

#Edição 134


Amadeu Marins é colorista e sócio do Salão Ará. Vivendo entre Paris e Rio, teve seu primeiro contato com o mundo da beleza em 2014, após experiências em diferentes indústrias. Desde então, construiu uma carreira fundamentada em aprendizado contínuo, dedicação e paixão. Viajante ávido, mergulha em diversas influências culturais, visuais e técnicas para expandir sua visão e enriquecer seu trabalho. Seu objetivo é apresentar novas ideias, explorar diferentes abordagens e criar algo único, unindo influências globais com suas raízes brasileiras.
Uma tendência de cor que vale muito a pena experimentar
Full hair color, tendência que traz cores uniformes e sólidas, sem contrastes. Essa coloração polida e monocromática funciona em todas as tonalidades - loiros, ruivos e castanhos. É uma super aposta para quem deseja um visual elegante e mais vintage. O estilo remete às icônicas atrizes dos anos 60 como Michele Mercier, Yvonne Craig, Dorothy Dandridge, Eartha Kitt, Romy Schneider e Brigitte Bardot.
Um museu que vale a pena visitar
O Musée de la musique, que fica dentro da imensa Cité de la Musique Philharmonie de Paris. Projetado pelo arquiteto Franck Hammoutène, anualmente eles apresentam exposições sobre o universo musical. Já apresentou mostras sobre David Bowie e a relação da obra do artista afro-americano Jean-Michel Basquiat com a música: "Basquiat Soundtracks". Também abrigou exposições sobre hip-hop, electro e metal. Para fevereiro de 2025, está programada "Disco: I'm Coming Out" - um mergulho na história do movimento que surgiu no início dos anos 70.

Um lugar no Rio de Janeiro que significa muito
para mim
O Aterro do Flamengo, que frequento desde criança aos domingos. Vinha com minha mãe à praia do Flamengo e cresci com o hábito de ocupar o parque, seja nos finais de semana de sol ou durante o percurso dos blocos de carnaval. Algumas curiosidades sobre o parque: inaugurado em 1965, foi idealizado pela arquiteta Maria Carlota Costallat de Macedo Soares e tem vista deslumbrante para o Pão de Açúcar. Do Centro até Botafogo é possível desfrutar de 1.200.000 m² de área que abriga o Museu de Arte Moderna (MAM), Marina da Glória, Museu da República e a Feira da Glória. Além de equipamentos variados para a prática de esporte e recreação, onde faço minhas corridas dominicais. É patrimônio mundial da humanidade na categoria paisagem cultural urbana, concedido pela UNESCO, em função do projeto de paisagismo de Burle Marx, que utilizou 11.600 árvores de 190 espécies da flora brasileira e de outras regiões tropicais. Moro bem em frente ao parque e me delicio com o privilégio do "meu jardim".

Descobri recentemente…
A Rua Morais e Vale, entre os bairros da Lapa e Glória e conhecida como ‘Baixo Lapa’. Ela é um agito para fãs da boemia carioca, com bistrôs, bares e a Sobranceria, que faz eventos incríveis ao som de música brasileira no vinil. Além do Beco do Rato, logo na esquina.
Meu bairro favorito em Paris para inspiração artística
Belleville, lar de uma das poucas Chinatowns de Paris, onde existem pessoas plurais e diversidade, expressões culturais e artísticas. Foi lar da lendária cantora Édith Piaf e, mais recentemente, da estilista Isabel Marant e do artista Lee Bae. O bairro é ocupado por muitos imigrantes e eu morei por lá. O bairro, onde morei, é habitado por diversos grupos de imigrantes: judeus armênios, tunisianos, gregos, chineses e povos do sudeste asiático se encontram, estabelecendo lojas e restaurantes familiares na rua principal. Essa mistura com os franceses cria a Paris mais cool em arte, moda, gastronomia e bares.

Um livro que vale muito a pena ler
"Arruaças", de Luiz Antônio Simas, Luiz Rufino e Rafael Haddock Lobo. A filosofia popular brasileira está nas ruas. Cresci com a visão de que a rua ensina, entretém e diverte a gente com a experiência cotidiana e ancestral, entre crenças e vivências nas encruzilhadas. É uma leitura essencial para quem quer sentir e entender a rua pela ótica dos malandros.

Quando eu quero me sentir bem eu…
…orro. A corrida é um hábito que vem me acompanhando como uma terapia e forma de me conectar e encontrar minha essência. É minha maneira de meditar e buscar conexão com meu eu.
Meu local secreto em Paris
Um restaurante chamado Chez Mamie, que fica no 10ème. Sem perfil no Instagram, tem uma simplicidade cheia de simbolismo - gostinho de comida caseira e de mãe, com aquele aligot que abraça e faz cafuné. Somos recebidos pela chef e matriarca Mamie. Conheci batendo perna, apresentado por um velho conhecido das ruas de Château d'Eau.
Um artista que se eu pudesse colecionaria o trabalho…
Lyz Parayzo, artista trans e multidisciplinar que trabalha com performance, escultura, joalheria e audiovisual. Suas obras investigam questões sociais sobre corpos periféricos e marginalizados, e a dicotomia sexo-gênero na sociedade, desafiando uma estrutura social marcada pelo colonialismo e patriarcado. Eu, como homem preto e gay, me enxergo em contato com a arte da Lyz.

O contraste cultural mais marcante que notei entre Rio e Paris
o culto ao corpo e a sensualidade do carioca. Enquanto o clima tropical nos permite verão o ano inteiro e a magia do calor desnuda nossos corpos, das corridas às salas de esporte, a busca pelo corpo sarado há muitos anos toma todas as zonas da cidade. É o que mais me chama atenção entre as culturas das duas cidades.
Meu café favorito para observar o estilo das pessoas
O Mardi Café, no 19ème, bairro Jourdain. Por ali circulam muitos jovens e famílias de diferentes culturas. As pessoas que frequentam esse café são fascinantes e fashionistas no seu dia a dia. Peça um latte e se inspire numa galera muito bem vestida.

Beleza para mim é…
…autocuidado, amor próprio, autoconhecimento e mergulho ancestral.
Uma marca de moda que vale a pena conhecer
Cosmo Rio, por toda identidade carioca, o flerte com o urbano e o esporte.
Uma experiência gastronômica imperdível
Apê da Lapa. Oti (baiano) e Fred (francês) abrem as portas e janelas do sobrado na ladeira da subida à Santa Teresa, no centro do Rio, para uma exclusiva noite de experiência e delírio. O menu degustação é para até 8 pessoas - sim, bem restrito, porém aconchegante e único.

Uma mudança que gostaria de ver no mundo
Acesso à cultura e arte como prioridade para todos.
Uma dica de estilo
Gosto de compor looks esportivos com peças sociais - calças de alfaiataria com camisa de ciclismo e camisa de clube de futebol. Calças com modelagem e corte mais retos vestem melhor do que calças justas.
Uma lição de vida que Paris me ensinou
Ser corajoso! Cheguei a Paris pela primeira vez em 2018, sem falar nenhum outro idioma além do português, mas com muita vontade de aprender e vivenciar a cidade. Me permiti errar, perder o caminho, errar a saída do metrô (risos) e tentar de novo e de novo, sem nunca perder o desejo pelo sonho a se realizar. É assim que se aprende - foi assim que aprendi a falar francês e a ler os códigos sociais da cidade. Assim me abri e aprendi muito sobre cultura, arte e política do mundo inteiro. Paris me amadureceu.
A maior diferença entre eu hoje e 10 anos atrás.
Hoje sou mais observador e cauteloso, estudo meus movimentos e entendo quem sou e meus propósitos. O meu eu de 10 anos atrás era impulsivo e sem foco, porém sempre sonhador.
Um conceito abstrato que influencia o meu trabalho criativo
Observar o cotidiano, a ancestralidade de tudo, pensar nas teorias originárias e na essência das ruas, e como tudo isso afeta minha caixa de referências.
Um filme que vale a pena assistir
Orfeu Negro, filme inspirado no musical adaptado e escrito por Vinícius de Moraes. Retrata o romance entre Orfeu e Eurídice, ambientado no Rio de Janeiro, envolvendo o samba e o carnaval.

Projetos que estou apaixonado agora
Pensar em experiências que unem cultura, arte e beleza. Proporcionar encontros de pessoas de diferentes rotas no mesmo local. Gastronomia e música estão no meu radar para aprendizado.
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