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#165 - EYN Convida: Cameron Saul
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#Edição 165
Cantor e compositor, Cameron Saul começou a escrever suas primeiras canções em 2000, enquanto vivia em Uganda e tocava com o Nile Beat Explorers. De volta à sua Somerset natal, ele se apresentou no lendário Glastonbury, mas foram as viagens extensas pelo mundo – em especial suas passagens pelo Brasil, com shows no MECA Inhotim e no MECA Brasa – que lapidaram seu som. Uma fusão delicada e intensa: letras que tocam a alma, explorando amor, perda e outras jornadas do coração, sempre com inflexões latinas sutis. Um caldeirão que mistura folk, bossa, blues e soul.
Cameron vai além da música. Ele é designer, empreendedor social, ativista e cofundador da BOTTLETOP, marca de acessórios de luxo sustentável, e da #TOGETHERBAND, uma campanha global que usa criatividade e cultura para despertar consciência e ação em prol dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Seus projetos conectam comunidades da Amazônia, Salvador e Kathmandu, transformando resíduos – de plásticos oceânicos a metais de armas ilegais – em luxo consciente. No mais, ele já dividiu palco e ideias com nomes como Al Gore e Jane Goodall, sempre defendendo a cultura como motor de transformação social e ambiental.
Dica: leia a edição de hoje ao som de Bahia, de Cameron Saul – um tributo sonoro ao Brasil que tanto o inspira. Dá o play e deixa a música te acompanhar.
Uma palavra que vale a pena conhecer
Saudade. Não temos uma tradução direta para isso em inglês e é uma lacuna no idioma que reflete o imenso coração brasileiro.
Um livro que vale a pena ler
Hábitos Atômicos. Ele mostra que o sucesso não está nas metas grandiosas, muitas vezes inalcançáveis, que estabelecemos, mas sim nos pequenos hábitos diários que cultivamos e executamos com consistência.

Uma causa que está próxima do seu coração
Os direitos indígenas. Se não protegermos os povos indígenas, perderemos a biodiversidade restante e a batalha contra as mudanças climáticas causadas pelo homem. Precisamos protegê-los como se nossas vidas dependessem disso – porque dependem. Estamos juntos!

Um sonho recorrente – literal ou metafórico
Ter e projetar uma casa ecológica na selva, à beira-mar, em um canto tropical escondido da Bahia.
Um lugar onde você se sente parte – não apenas um visitante
A aldeia Matrinxã, no Rio Gregório, nas terras Yawanawá no Acre, onde temos nosso ateliê BOTTLETOP e #TOGETHERBAND. Amo a família de pessoas de lá e seu coração puro.

Um filme que vale a pena assistir
Pierre Fatumbi Verger: Mensageiro Entre Dois Mundos, documentário que conta a trajetória do fotógrafo e etnógrafo francês que viveu entre a Bahia e a África de 1946 até sua morte, em 1996. Fascinado pelos rituais do Candomblé, Verger mergulhou tão profundamente nessas comunidades que se tornou parte delas. O filme traz sua última entrevista, concedida ao compositor Gilberto Gil, apenas um dia antes de falecer aos 93 anos.
O que a Bahia te ensinou que você carrega para a vida?
A importância de se conectar com a alegria todos os dias. É um músculo e requer prática. E que a vida vale ser celebrada a qualquer custo. Não importa quão dura seja a luta.
Perder-se na natureza sempre me traz de volta para...
O momento presente.
Um material que carrega poder simbólico e ecológico ao mesmo tempo
Vou te dar três materiais simbólicos que combinam poder ecológico. Nossas #TOGETHERBANDs feitas na Amazônia pelos Yawanawá com sementes de açaí que sobram depois que a comunidade faz suco para se manter saudável, entrelaçadas com fios de plástico oceânico da Parley e uma única semente moldada a partir de metal de armas de fogo ilegais recicladas.

Um artista que abriu seus ouvidos e olhos para algo novo
Conheci a artista Maria Nepomuceno em 2013, e o modo como ela utiliza técnicas artesanais – como trançar, tecer, enrolar e costurar, vindas diretamente das tradições indígenas, afro-brasileiras e de saberes femininos – foi uma grande inspiração para mim e para o nosso trabalho artesanal no Brasil. Essa experiência transformou a forma como eu enxergava o valor e a importância do que fazemos. Esses processos minuciosos, que vemos diariamente em nossos ateliês, não são apenas escolhas estéticas, mas atos de narrar histórias e preservar culturas. Cada ponto, cada trama, é um gesto de cuidado, memória e conexão.

O trabalho de Maria, inspirado por Iemanjá – o orixá afro-brasileiro do mar e da maternidade – oferece um exemplo vívido de como ela entrelaça mitologia, materialidade e lugar para construir narrativas enraizadas em ancestralidade, feminilidade e ecologia espiritual. Suas conexões com a Bahia, com suas tradições religiosas afro-brasileiras do Candomblé e da Umbanda, são centrais para entender as camadas mais profundas de sua arte. Maria doou uma de suas belas obras para a nossa exposição de arte contemporânea BOTTLETOP Full Circle em 2011, apoiando projetos educacionais na Bahia, incluindo E ao Quadrado / E2, um projeto de teatro que apoia jovens das comunidades periféricas a fazer escolhas saudáveis por meio da arte e do teatro.
Em outra vida, eu teria sido...
Um ator. Foi meu maior amor quando eu era mais jovem.
Um hábito que vale a pena cultivar
Meditação.
O melhor souvenir que trouxe para casa...
Uma vez encontrei uma fantasia masculina completa de carnaval abandonada em um enorme saco de lixo preto em uma esquina de Ipanema logo após o carnaval. É linda e eu a levei para casa. Já a usei no festival de música, artes e cultura Neon In Nature, que eu organizo todo verão.

Eu sou realmente viciado em...
Amigos e família. Nada é mais importante.
Uma questão existencial que te acompanha há muito tempo...
Se suas memórias fossem substituídas pelas de outra pessoa, você ainda seria você?
Se você pudesse jantar com duas personalidades históricas, quem escolheria?
Bob Marley e Gilberto Gil. A combinação da culinária jamaicana e brasileira seria sensacional, a playlist seria incrível e haveria muitas risadas com as histórias mais extraordinárias e lindas de arte, luta e resistência.
Uma colaboração dos sonhos – musical, política ou emocional
Eu adoraria colaborar com Bruno Berle, amo suas músicas e seu som. Tão fresco.
Eu descobri recentemente...
Alto Paraíso e seus muitos tesouros escondidos.

Na minha playlist “Feita para Você” do Spotify, você vai encontrar...
Roxanne de Sting & The Police, Running Up That Hill de Kate Bush, Sweet Dreams Are Made of These de Annie Lennox, Diamonds on the Soles of Her Shoes de Paul Simon, O Telefone de Jorge Ben Jor, Tudo O Que Você Podia Ser de Milton Nascimento & Lô Borges, I Feel Love de Donna Summer, Seabird de Alessi Brothers, Teardrops de Womack and Womack.
Quando preciso me sentir inspirado...
Vou para a natureza, mergulho no mar e me reconecto com a magia que existe ao nosso redor.

O melhor conselho que já recebi...
É uma frase de Sócrates:
Só sei que nada sei.
O único artista cuja obra eu colecionaria se pudesse...
Tenho uma obra do Banksy que comprei na primeira exposição dele por £30. Estou feliz com isso.

Uma frase que me âncora quando tudo parece demais
Amanhã é um novo dia.
Um erro que me ensinou mais do que qualquer sucesso
Ficar chateado quando as coisas não saem como planejado. Aprender a fluir com o ritmo das coisas me ensinou sobre o tempo divino.


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