Vivian Caccuri é artista plástica e musicóloga, e vive no Rio de Janeiro — embora sua obra viaje o mundo. Com um trabalho que investiga as relações entre som, corpo e cultura, Vivian já passou por palcos nada óbvios: do New Museum, em Nova York, ao Museo JUMEX, na Cidade do México, e acaba de inaugurar uma individual de trabalhos inéditos no Mattress Factory, em Pittsburgh. Agora, de volta ao Brasil, ela se prepara para abrir sua próxima exposição em setembro, na Galeria A Gentil Carioca, no Rio. Imperdível para quem acompanha os ruídos (e silêncios) mais instigantes da arte contemporânea. Conheci sua obra recentemente e virei fã — daquelas que ficam pensando nas ideias muito depois da exposição acabar.

Qual superpoder você gostaria de ter

O da metamorfose: me tornar um animal, um objeto inanimado, um elemento da natureza

Um conteúdo que a inspirou recentemente

Um artigo que se chama "Emotionally psyopping yourself with AI" do blog Garbage Day. Por meio de relato honesto, o autor faz uma crítica ácida à dependência emocional que já criamos em volta da inteligência artificial. Fiquei dias pensando nesse texto.

Um conselho que vale a pena compartilhar

A frase do filósofo Søren Kierkegaard resume bem essa coisa incômoda da condição humana.

Um podcast que vale a pena ouvir

O episódio musical que eu produzi para a revista Norient TIMEZONES, disponível no Spotify.

Qual som descreve melhor o Brasil hoje

É muito difícil responder isso.

Um hábito que te ajuda a escutar melhor o mundo

Me calar e caminhar.

O que o mosquito te ensinou que ninguém mais conseguiu

Que buscar "significado" e "sentido" é uma especialidade dos humanos

Seu lugar favorito em SP

Copan. Eu gosto como a arquitetura cria um micro-universo de trajeto e passeio muito específicos. O Copan tem identidade própria não atrelada a um ou outro espaço comercial – algo raro em São Paulo.

Um sonho recorrente – literal ou metafórico

Converso em uma festa com meus falecidos avós e até danço com eles, me dá a maior saudade.

Um livro que vale a pena ler

"My Life in the Bush of Ghosts" de Amos Tutuola — eu achava que tinha uma imaginação fértil, até ler esse livro. É uma jornada surreal de uma criança africana perdida em uma floresta habitada por fantasmas. Nesse estado de descoberta, os seres da mata — monstros, demônios e outras criaturas — o acolhem de forma tão assustadora que chega a arrepiar. O tempo se distorce nesse universo, e ele acaba vagando por lá durante décadas, à deriva.

Meu lema é

Um lugar em que você sentiu o corpo vibrar antes de entender por quê

A "danceteria" das matinês que eu fui quando adolescente.

Uma questão existencial que te acompanha há tempos

Não vou ter tempo de cozinhar todos os pratos que eu gostaria ou cada decisão que eu tomo fecha milhões de possibilidades e abre outras milhões.

Meu app favorito

Youtube 

Um filme que vale a pena assistir

"O Abraço da Serpente" de Ciro Guerra, um filme colombiano sobre uma flor fictícia que devolve a habilidade de sonhar, com atores absolutamente geniais.

Uma música que está sempre no ‘repeat’

“Nuvem Negra”, da Gal Costa. Acho essa música linda e elegante. Produzida pelo Arto Lindsay, ela carrega uma sensação muito particular — algo que só a língua portuguesa transmite, especialmente nos sentimentos que evoca e na delicadeza da voz feminina.

Se pudesse jantar com duas personalidades históricas, quem escolheria e por quê

Ninguém conhecido, mas uma mulher do Neolítico e outra de alguma cultura pagã da Idade Média, imagina tentar entender como elas pensavam e se sentiam?

Uma conta do Instagram que vale a pena seguir

@crisis.acting eu me impressiono muito com a curadoria de eventos estranhíssimos que eles conseguem reunir

Descobri recentemente…

Que não posso esquecer de exercitar as minhas costas

Uma causa que está em meu coração

Da música fora de padrão, experimental, do direito de sons estranhos existirem.

Uma palavra que te interessa mais pelo som do que pelo significado

Ishhh, que vem de vixi, que vem de Virgem

Um artista sonoro que te atravessa

Eu adoro a genialidade da Holly Herndon que é parecida com a da Deena Abdelwahed, as considero das melhores coisas que o millennials já conseguiram criar nesse campo

Uma pergunta que te acompanha quando tudo está em silêncio

Será que minha cachorra está saudável?