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#168 - Anos 1980, sul da Itália, cinema que arrisca, texturas sonoras e mais!

Guia EYN

Edição #168

Guia autêntico de cultura & experiência com indicações valiosas, que valem o seu tempo, do que ler, assistir, visitar, comer, experimentar e comprar.

Netflix

Um filme sobre o fim da vida  e sobre o que pode começar quando a gente tem coragem de olhar o passado sem tentar suavizar

Três irmãs, um apartamento apertado em Nova York e um pai à beira da morte. O que poderia dar errado? Em His Three Daughters, o diretor Azazel Jacobs pega uma premissa batida (reunião familiar à força em tempos de luto) e transforma em algo surpreendentemente íntimo, honesto e... estranho de um jeito bom. Carrie Coon é a irmã controladora que tenta gerenciar a situação como se fosse uma planilha; Natasha Lyonne encarna a filha livre e um tanto perdida, lidando com a culpa da ausência e a ansiedade da maternidade; e Elizabeth Olsen, como a meia-irmã mais jovem, lida com tudo fumando um e apostando em esportes. A dinâmica entre as três é o coração do filme. 

Prime Video / AppleTV+

Um filme sobre o trauma em si, mas sobre tudo o que se quebra (e às vezes se reinventa) depois dele. 

De estúdio indie que a gente respeita, Sorry, Baby é a estreia afiada de Eva Victor — comediante, roteirista, diretora e protagonista, tudo ao mesmo tempo agora. O filme levou prêmio de roteiro em Sundance e já entrou no radar de quem gosta de cinema que arrisca. Dividido em cinco capítulos não lineares, a história acompanha Agnes, uma professora que tenta seguir a vida depois de um trauma sexual, mas sem flashbacks nem dramatização gráfica. Eva Victor escolhe focar no que vem depois: a burocracia fria das instituições, a ansiedade que engasga, os silêncios desconfortáveis... e também os momentos de humor inesperado que surgem quando a vida insiste em continuar. Uma obra fragmentada, humana e surpreendentemente engraçada — do tipo que não entrega respostas fáceis, mas acerta onde importa.

Um conto que começa com uma mala aberta na Puglia e termina com você querendo mudar de vida

Em Dolce Far Niente, Michelli Provensi escreve com o humor e a leveza de quem já entendeu o valor de fazer nada — ou melhor, fazer tudo devagar. O texto, criado para Paula Torres, acompanha quatro amigas numa viagem pelo sul da Itália. Mas quem narra são os sapatos. Sim, os sapatos.

Anne Sophie contempla as oliveiras da janela. Harper pisa com elegância em decks de beach clubs. Anne Marie desce falésias como quem dança. Anne Louise prefere ficar perto da porta, pronta para sair. Todas fazem parte da nova coleção da Paula Torres — e aqui elas não apenas calçam histórias, elas contam.

Tem também uma receita de orecchiette al pesto, dica de drink com Limoncello Spritz, promessa de férias analógicas e um insight que vai ficar com você: bons sapatos, como boas amizades, não têm preço.

E quando acabar a leitura?

Bom, aí vale a pena se vestir. Ou melhor: e escolher o que vestir for continuar a leitura?

A nova coleção da Paula Torres nasce inspirada nesse conto — e nos dias em que o tempo corre devagar. Ráfias, palhas, solas macias, limoncello e formas que pedem pés descalços (ou quase) Sapatos que caminham com a leveza de quem sabe que, às vezes, fazer nada é tudo o que a gente precisa.

Podcast

Um mergulho sem censura num submundo de poder, risco, ostentação — e aviões cheios de pó

Imagine um piloto que ganhava o equivalente a 100 milhões de dólares por mês voando aviões carregados de cocaína para Pablo Escobar nos anos 80 — e ainda encontrava tempo pra abrir a maior concessionária de Lamborghinis do mundo, cuidar de uns 30 carros e de um leão da montanha de estimação. Sim, isso aconteceu. E agora você pode ouvir tudo da boca do próprio protagonista. Cocaine Air é um podcast-documentário que conta a história real (e surreal) de TJ Dominguez, um ex-traficante de elite recém-saído da prisão, onde passou 13 anos — parte em confinamento solitário. Pela primeira vez, ele narra sua trajetória de piloto a peça-chave no esquema do cartel de Medellín, com histórias que parecem saídas de um filme, mas são só o retrato cru (e cheio de excessos) da era Escobar.

Playlist

Música que conversa com o universo interior 

Liberte sua mente com The Kynd Space Vibes – Letting Life Move Me, uma playlist feita pelo The Kynd Space, um estúdio de bem-estar em Lisboa para quem tá cansado do óbvio e quer voar por texturas sonoras que levam do folclore moderno ao indie nostálgico. Tem Leonard Cohen com aquela reflexão profunda em Boogie Street, o duo Ocie Elliott que rasga o peito em I Got You, Honey, e a energia curiosa de projetos como The Human Experience, Kat Factor e Katya. É uma viagem de luz suave e batidas tranquilas que se encaixam numa tarde sem planos.

Mais que uma exposição, um manifesto

A mostra HIP HOP 80’sp – São Paulo na Onda do Break, no Sesc 24 de Maio, é um mergulho nos anos 1980, quando a cultura hip-hop começou a tomar corpo nas ruas da capital paulista — entre passos de break na Estação São Bento, batidas improvisadas e muros grafitados com urgência e expressão.

Com mais de 3 mil itens originais, de flyers de época a figurinos, toca-discos e arquivos pessoais,  a exposição monta um retrato vivo e potente da gênese do hip-hop brasileiro. A curadoria é compartilhada por nomes que não apenas viram, mas fizeram a história: OSGEMEOS, KL Jay, Thaíde, Sharylaine, ALAM Beat, Rose MC e Rooneyoyo.

Mais que nostalgia, o espaço pulsa resistência, criatividade e reinvenção. A visita percorre os quatro elementos do hip-hop (MC, DJ, graffiti e breaking), além de destacar a participação feminina e os pontos de encontro que marcaram uma geração — da Rua 24 de Maio ao Parque Ibirapuera.

Quando: 24.07 a 29/03/2026
Onde: Sesc 24 de Maio (SP)
Entrada gratuita

Para pais que gostam de comida com afeto, mas zero clichê

3 italianos para levar seu pai — com gosto e estilo, porque nem todo pai quer churrasco e cerveja. Às vezes, o presente ideal é um prato de massa impecável, um vinho bem escolhido e a sensação de que o domingo foi bem vivido.

O Lido é italiano, sim, mas com alma de casa de amigo que sabe cozinhar muito. A vibe é informal, o menu tem pegada autoral e a estrela é o menu de três tempos (R$181) que pode incluir desde agnolotti com bochecha de boi a cordeiro assado com batata leque. Um domingo sem pressa em Pinheiros.
Onde: R. Fradique Coutinho, 282.

Para pais que sonham alto — ou só merecem uma noite Michelin-worthy

O chef Simone Paratella voltou com tudo e quer conquistar sua estrela. O restaurante leva seu nome e seu domínio técnico: são nove etapas impecáveis (R$529), com pratos como ravióli del plin ao perfume de tomilho e talharim ao ragu de coelho. O serviço é à altura. Ideal para pais detalhistas, que notam o ponto da massa e a textura do brioche.

Onde: Rua Tapinas, 118, Itaim Bibi

Para pais que amam o mar, o sul da Itália — e um bom drink

Inaugurado em janeiro, no casarão onde viveu Cacilda Becker, o Marena é elegante, vibrante e cheio de sotaque da Puglia. Massas com frutos do mar, burratas frescas e o clássico orecchiette com linguiça e brócolis. Se ele for dos que valorizam o coquetel antes do prato, o Stronzo defumado com canela é aposta certeira.

Onde: Rua Pais de Araújo, 138, Itaim Bibi

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