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#177 - EYN Convida: Isabella Mulholland
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#Edição 177
Com mais de 25 anos de carreira e passagens por algumas das agências mais influentes do mundo, Isabella Mulholland — ou simplesmente Bella — é uma estrategista premiada e uma das mentes mais inquietas da publicidade global. Bella tem uma trajetória marcada por desafiar o status quo e traduzir o espírito do tempo em relevância de marca. Acredita no poder das pessoas, na leveza do trabalho colaborativo e em fazer com que cada um se sinta bem com o que cria. Além da publicidade, ela também é empreendedora, professora de estratégia e baterista — um trio que resume bem sua mistura de ritmo, método e inquietude criativa.
Qual superpoder você gostaria de ter
Escolheria a invisibilidade pra rir do mundo sem ser vista. E o poder de voltar no tempo, pra tentar desviar o curso das maldades da história.
Um conteúdo (artigo/post etc…) que o inspirou recentemente
É uma bobagem, na real, mas que me fez refletir intensamente. Era um meme que falava da ’não importância’ da nossa existência no mundo e o quão fundamental é ter essa clareza de que somos menos que um grão de areia no universo, boiando numa pedra que gira em torno de uma estrela de fogo. Dizem que os astronautas que primeiro viram a Terra ‘de fora’ perceberam o quão insignificante somos mas ao mesmo tempo o milagre que é estarmos aqui. A gente deveria ser mais grato por esse presente ao invés de nos digladiar com as menores (e maiores) coisas do nosso mundo.
Uma frase ou mantra que guia suas decisões
Já está feito. Mostre-me.
Um conselho que vale a pena compartilhar
Nunca durma brigado com quem você ama.
Um podcast que vale a pena ouvir
Fio da Meada — porque entender o Brasil exige costurar contextos.
Calma — pausas e reflexões sem pressa.
Rádio Novelo — jornalismo e storytelling no ponto certo.
The Mel Robbins Podcast — autoaperfeiçoamento sem autoajuda.
Tantos Tempos — memórias e pensamentos sobre o que muda (e o que não).
Wiser than me — mulheres que viveram e têm o que dizer.
O Assunto — porque Natuza Nery nunca é demais.

Uma questão existencial que te acompanha há tempos…
…a finitude. Me tira o sono porque me faz pensar sobre as escolhas que fazemos todos os dias, sobre os fins de ciclos e recomeços e sobre o que estamos fazendo de fato com o tempo que é colocado em nossas mãos.
Um livro que vale a pena ler
Tem uma hora depois da página 50 (é difícil chegar até a página 50), que a voz de Riobaldo vira a sua. E depois nunca mais desvira.

Uma marca que te fez repensar o que é relevância cultural
Madonna. Porque ela inventou a cultura. Se fez e se desfez milhares de vezes, com a coragem de quem segue o que acredita e no seu propósito (serve para marcas de produtos também esse recado, mas eu desconheço marcas que há mais de 40 anos consistentemente se mantém culturalmente relevantes).

Um hábito diário que nutre sua criatividade
Rezar e cantar, que é mais ou menos a mesma coisa.
Um sonho recorrente – literal ou metafórico
Literal: morar no sítio. Metafórico: morar no sítio.
Se pudesse jantar com duas personalidades históricas, quem escolheria
Maria Bonita e Lampião. Porque eu gostaria de entender pela visão deles se o que eles faziam era transgressão ou resistência. Queria ouvir da boca dos ‘vencidos’ a sua versão histórica.

Maria e Lampião com os cães de estimação. Ele mostra para a câmera um exemplar da revista 'A Noite Ilustrada'. Foto de Benjamin Abrahão
Uma pergunta que você sempre faz antes de lançar qualquer projeto
E se der certo?
Uma tendência que todo mundo corre atrás, mas você acha superestimada
Qualquer coisa de moda e luxo. Sim, Miranda Priestly, acho uma bobagem.
Uma campanha que ainda te arrepia quando lembra
Uma vez em que você percebeu que “crescimento” não era só sobre números
Um dia, recebi um e-mail. De uma única pessoa, entre tantas. Dizia que o projeto tinha mudado sua vida. E naquele instante eu entendi: causar impacto não é sobre números, é sobre encontros. Às vezes, mudar uma vida já é mudar o mundo.
O que o Brasil ensina ao mundo sobre branding cultural?
Autenticidade e consistência. O Brasil sempre foi desejado pelo mundo. A nossa história cultural mostra isso. As dimensões continentais, a riqueza que nasce da mescla, o clima. Tudo isso é ingrediente para um caldeirão cultural rico. Não acho que seja uma prerrogativa do Brasil não. A Coreia do Sul, por exemplo, tem feito esse movimento até melhor que o Brasil, atingindo níveis globais inimagináveis.
Um filme que vale a pena assistir
Interstellar, porque é um filme de amor revestido de ficção científica, que fala sobre a questão da transcendência, sobre a relatividade do tempo e com uma estética absolutamente arrebatadora.

Uma habilidade que você considera indispensável para trabalhar com marcas hoje
Flexibilidade, porque trabalhar com comunicação nos tempos de hoje significa ter que ser tão rápido quanto o algoritmo, a IA e a mudança da maneira como as pessoas consomem conteúdo. O bom profissional precisa ter a flexibilidade para lidar com as transformações em alta velocidade.
O que você aprendeu sobre liderança que não vem em nenhum livro
Sobre o ‘nada’: saber ‘o nada’, fazer ‘o nada’ e o ‘ser ninguém’. Às vezes esse é o melhor que um líder pode fazer.

O que movimenta o olhar, provoca pensamento e inspira novas formas de ver o mundo
O mundo da arte anda especialmente vibrante e a gente te convida a entrar nesse clima.
Das exposições que estão redefinindo o olhar contemporâneo às novas gerações de artistas que cruzam linguagens e territórios, essa semana é um mergulho no que há de mais interessante acontecendo por aí — ou pelo menos uma parte, já que o mundo da arte não para um segundo.
Um convite diferente pra se inteirar de arte — sem o tédio das paredes brancas e das legendas indecifráveis. Aqui, a conversa é sobre o que pulsa: nas galerias, nas ruas, nas telas e nas ideias.
Novo ponto imersivo em Kyoto

O coletivo teamLab inaugura o seu maior museu permanente no Japão: teamLab Biovortex Kyoto, parte do projeto Universe of Existence, Universe of Perception. São mais de 50 obras imersivas, inclusive uma peça inédita no Japão chamada Massless Amorphous Sculpture, que explora a ideia de fenômenos ambientais — a arte nasce do entorno e da interação. No espaço, visitantes também poderão participar de experiências interativas como Athletics Forest, onde o tempo muda conforme sua presença física, e Future Park, área colaborativa de co-criação. Além disso, funciona um estúdio chamado Sketch Factory, no qual seus desenhos de Graffiti Nature ou Sketch Ocean se transformam em objetos reais: camisetas, ímãs, bolsas e mais.
Um novo espaço em Londres dedicado

Em Londres, o Ibraaz inaugura um novo espaço híbrido dedicado à arte e à cultura da “Maioria Global”. Idealizado por Lina Lazaar, o prédio de seis andares combina galeria, biblioteca, café e residências artísticas, criando um ponto de encontro entre criação e pensamento crítico. Na abertura, o artista ganês Ibrahim Mahama apresenta Parliament of Ghosts, instalação feita com móveis coloniais e sacos de juta recolhidos durante a pandemia — uma reflexão sobre memória, reparação e o que permanece invisível.
Sobremesas de outro planeta

Em Jacarta, surge o Butter Baby — uma dessert parlour cósmica concebida pela Crosby Studios que mistura fantasia visual e sabor. Em um interior em tons de amarelo suave, formas bulbosas, iluminação intimista e mobiliário único, o espaço transporta visitantes para uma realidade paralela. Inspirado nas memórias da infância, o menu revisita doces tradicionais do sudeste asiático com releituras ousadas — de Mallow Yuzu Baby a Chocolate Nebula.
Entre o estranho e o sublime

Em Amsterdã, o FOAM recebe Blommers & Schumm — Mid-Air, primeira grande mostra solo do duo holandês que atravessa três décadas de trabalho com irreverência e elegância. Seus retratos oscilam entre moda e arte, sempre com um quê de estranhamento: um objeto que desafia a gravidade, um compósito corporal feito de elementos domésticos, nuances que parecem digitais mas foram meticulosamente encenadas. Em cartaz até fevereiro de 2026.
Quando a arquitetura se move: a reinvenção da Fondation Cartier por Jean Nouvel

A Fondation Cartier, em Paris, renasce pelas mãos de Jean Nouvel — o mesmo arquiteto que a projetou há três décadas. Sem tocar na fachada original de vidro e aço, Nouvel transforma o interior em um organismo vivo: plataformas móveis, transparências e estruturas expostas que fazem da arquitetura uma performance contínua. Mais do que uma renovação, é uma reflexão sobre tempo, memória e reinvenção — onde o edifício se torna, ele próprio, uma obra em movimento.


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